novembro 18, 2008

Mobilizar para diminuir as diferenças



A sociedade brasileira é muito desigual e implacável para com os menos favorecidos. Infelizmente ainda são poucos que se preocupam e que realmente querem e fazem alguma coisa sem interesse de retorno.

Como os mecanismos que alimentam a desigualdade ainda não foram corrigidos e, muito menos, quebrados, a diferença entre os que têm e os que não têm não diminuiu ao longo dos últimos anos, pelo contrário, agravou-se na maioria dos aspectos.

É fato que existem formas de assistência e tentativas de combate à pobreza e à exclusão bastante significativas em termos orçamentais, ou, mesmo, de dedicação da sociedade civil, mas os seus efeitos para a diminuição das diferenças ou de ascensão na escala social têm tido muito pouca visibilidade por revelar a ineficiência na sua aplicação.

Têm servido mais para manter a situação atingida com um mínimo de dignidade do que para encontrar vias de saída da pobreza e da exclusão pela valorização do indivíduo e, acima de tudo, por conseguir o esforço do “outro lado” da sociedade. Com efeito, também este “lado” não excluído terá de caminhar ao encontro dos mais desprotegidos e, de uma forma minimamente harmonizada, ajudá-los na ampliação dos seus conhecimentos e na sua afirmação plena como pessoas e cidadãos.

Esta ação conjunta da sociedade ficará mais eficaz quando pensamos verdadeiramente nas pessoas que vivem naquilo a que chamamos, brandamente, territórios críticos, ou seja, comunidades e bairros sociais menos favorecidos, onde se encontram muitos dos menos favorecidos, pobres e, mesmo, não-pobres, mas de alguma forma "desiguais".

Aqui, à condição de exclusão por falta dos meios adequados, juntam-se, muitas vezes, e por um tempo muitas vezes significativo, os efeitos perigosos de atividades ilícitas que lá se desenvolvem ou ocultam, usando essas populações como uma espécie de "máscara protetora" ou tirando partido de muitos dos seus elementos como seus instrumentos, pelo aliciamento do dinheiro "mal" ganho, numa ação em que a violência não anda longe e em que as liberdades se encontram diminuídas e a afirmação de cidadania extremamente limitada.

São situações que temos de ter presentes se quisermos enfrentar cara a cara a exclusão e lutar contra a separação das duas “partes” da sociedade brasileira. Os que tem e os que não tem...

Esta ação tem que ser o mais completa possível. Não podemos ajudar os pobres sem implicar os ricos, não podemos melhorar as condições de moradia sem pensarmos numa ação fortemente solidária na criação de empregos, não podemos procurar criar uma sociedade mais justa sem combater com determinação a amplitude.

É um desafio muito complexo mas possível se tivermos bem a noção do conjunto, se tirarmos partido pleno das redes de solidariedade e de trabalho conjunto já criadas, no Estado e na sociedade civil, num exercício pleno de descentralização, e se todos nos mobilizarmos num esforço de responsabilização, completamente assumida e executada, num contexto de uma intervenção sustentada.

Só assim as duas, ou mais “partes” da nossa sociedade se ajudarão a destruir as barreiras que atualmente as separam tornando-as menos desiguais e mais cuidadosa para com os menos favorecidos.

Falta coordenação, liderança e coragem para se sair do comodismo, de seu próprio e "único" mundo, olhar para os lados e realmente ver que cada cidadão pode e deve fazer a diferença, basta querer. E ai, você quer?